domingo, 29 de agosto de 2010

Alice.

Alice estava deitada na cama muito concentrada, ela estava tão distraída, com a sua mão percorrendo o papel que nem notou que eu havia chegado... Fiquei um tempo admirando-a, ela não sorria mais com tanta frequência. É triste quando vemos pessoas que amamos sofrendo por amor. Me concentrei no que ela tanto escrevia, e vi o nome do neném, pronto ela estava escrevendo uma cartinha de amor.
Lembrei dos meus tempos de adolescente, em que perdia horas escrevendo poemas com métricas perfeitas para um cara que eu amei muito (e acho que ainda amo). Depois desse desvaneio, voltei a me concentrar nela, ela uma menina adorável, um pouco rabugenta e implicante, mas com um coração lindo.
Eu tinha que tentar fazer alguma coisa, sei que é quase impossível tirar algo da cabeça de Alice, mas que não queria vê-la chorar pelo neném de novo.
Sentei-me na cama, o cochão de molas afundou e ela se virou pra mim e sorriu. Sem pensar duas vezes começei:

- Alice não escreva uma carta de amor.
- Mas agora eu já escrevi.
- Vai entregar?
- Num sei.
- Por quê?
- Eu tenho medo.
- De que?
- De que ele não leia.
- Alice, é claro que ele vai ler.
- Como você sabe?
- Acho que ele vai ficar curioso pra saber o que essas páginas escondem.
- É, tens razão... Mas borboleta, o que eu faço depois?
- De entregar a carta?
- É.
- Espera.
- Quanto tempo?
- Aaaaaah, eu não sei. Você não disse que esperaria o tempo que for pra ficar com ele de novo?
- Disse.
- Isso ainda vai acontecer?
- De eu esperar ele?
- É.
- Vai...
- Então espera, mas espera sentada porque a gente não sabe quanto tempo isso pode demorar.

[minutos de silêncio]

- Borboleta...
- Que foi agora Alice?
- E se não der certo?
- Se não der certo o que?
- A carta...
- Então não era.
- Não era o que Borboleta?
- Não era amor, porque se for amor vai dar certo.
- Você acha que não é amor?
- Não disse isso.
- Ah bom.
- Eu sei que é amor Alice, esqueceu que sou eu e o Pixoto que secamos suas lágrimas?
- Não...
- Me promete uma coisa?
- Fala...
- Promete que vai entregar?
- Por quê?
- Porque se você não tentar, vou ter que secar suas lágrimas de arrependimento pra sempre, e eu tenho mais o que fazer.
- Ai Borboleta, para de ser ignorante comigo, eu não tenho culpa de ainda gostar dele.
- Tecnicamente...
- Tecnicamente nada, para de ser chata.
- Tá bom, tá bom... Mas você ainda não me prometeu.
- Prometo, não sei quando, nem onde, mas um dia eu entrego.
- Alice?
- Oi?
- Não demora muito não.
- Por quê?
- Porque a cada dia que passa, você pode se tornar mais indiferente para ele. E se você quer que a carta tenha algum efeito, você já devia ter entregue isso.
- Mas eu acabei hoje.
- Se vira, Alice. A concorrência tá grande.
- Eu sei. :s
- Bem, vou ler alguma coisa. Vai ficar bem sozinha?
- Não, mas pode ir... Borboleta?
- Oi?
- Obrigada tá? Não sei o que seria de mim sem você.
- Eu é que não sei o que seria de mim sem ti.

Adoro o sorriso da Alice. Adoro saber que sou eu que faço muitos deles surgirem no rosto dela. Ela é uma boa menina, faz algumas besteiras, mas é uma boa pessoa. Desejo que ela tenha sorte, o dia que ela entregar a cartinha de amor, não vai ser tão fácil pra ela assim. Mas ela é corajosa, confio nela e sei que ela pode mudar o que quiser. Só tenho medo dela sofrer, eu não me importar tanto de secar as lágrimas dela, mas vou me importar em saber que as lágrimas que eu seco, são por causa dele... do neném dela. É triste quando se sofre por amor, mas vai passar... um hora tudo passa.

Tantos sonhos morrem em poucas palavras.
Um bilhete curto... já não há nada.
Alice, não se esqueça do nosso amor.
Será que eu tenho sempre que te lembrar.
Todo dia, toda hora?
Eu te imploro por favor
{...)
Sempre tive medo das suas idéias.
Por que você precisa ser tão sincera?
Alice eu tô treinando pra te enfrentar.
Tenho mil motivos pra você me suportar
Fica mais uma semana
Nesse tempo a gente engana

Kid Abelha - Alice ♫♫

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Na porta.


Estava concentrada fazendo meus exercícios de matématica, quando ouço risos. Olho pra porta, o vejo rindo, de uma forma que não via a muito tempo. Observando mais a cena, vejo que ele não está só, compartilha o seu riso com alguém, com uma menina. Desvio o foco dele e a observo, ela não é mais bonita do que eu, nem mais interessante do que eu, mas sinto-me ficar rubra de ciúme. Volto a olhá-lo, espanto-me com sua beleza, como sempre acontece. Sempre fico pensando que é impossível alguém ter mais charme, mesmo sabendo que isso é possível, e que posso ser a única a pensar assim.
Ele a olha, não da mesma maneira que me olhava, mas tem nos lábios um sorriso que expressava mais entusiasmo do que eu gostaria de ver, percebo um certo interesse, que antes não existia, ou que pelo menos não aparentava quando ele estava comigo. Ela o observa como se ele fosse a sua presa, o seu ratinho, a refeição que ela está pronta para devorar. Me assunto com isso, poucas vezes vi pessoas se comportarem assim, e pra dizer a verdade, nunca imaginei ver essas pessoas se comportarem assim.
Pra mim ela nunca foi "flor que se cheirasse", só não pensei que fosse baixa a esse ponto, afinal, o que ela poderia ganhar com isso? Eu o entendo, ele acha que eu não o amo mais, sei que o magoei, e compreendo que ele esteja tentando reconstruir sua vida sentimental. Era algo que eu deveria esperar, e que deveria também tentar fazer. Mas quando eu vi pra quem ele ria, fiquei indignada. Afinal, o que ele espera dela? Ela não poderá dar mais do que deu aos outros, e eu como ex-amiga dela, sei que o pouco que foi, não foi bom pra nenhum deles. Sinceramente, mesmo me doendo, desejei que ele tivesse mais sorte. Percebi que já estava olhando pra eles obcessivamente e preferi voltar a fazer meus exercícios, quando eu vi uma mancha de lágrima no meu livro. Respirei fundo, me concentrei e voltei a prestar atenção no que de fato era importante.

:/

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Maquiagem


4:50, o despertador toca alertando-me que já está na hora de eu levantar. Olho pra ele, aperto o botão de desligar e deixo que caia acidentalmente no chão do quarto. "Só mais 20 minutinhos, quando for 5:10 eu prometo que levanto". 5:18 minha avó bate na porta do quarto, avisando que já estava na hora de levantar, e que eu não podia enrolar mais nisso.
Ela tinha razão e resolvi abrir os olhos pela primeira vez ao dia, mas quando o fiz, senti certa dificuldade, a princípio não me importei eram 5:18 da manhã, e os meus olhos eram o menor dos meus problemas.
Peguei a toalha, e fui pro banheiro. Uma atitude muito instintiva, já que a fazia à dois anos e meio. Abri o chuveiro e fiquei esperando a água atingir uma temperatura considerada agradável por mim. Após acabar o banho, fui ao espelho pra certificar-me de que havia retirado todas as remelas do olho. E quando eu olhei para os meus olhos levei um susto tremendo, estavam gigantes, completamente inchados por causa do choro de ontem a noite.
Por alguns minutos fiquei pensando como ia sair na rua daquele jeito, fiquei imaginando todas as pessoas olhando, apontando pra mim e dizendo: "Olha a cara de choro dela, deve estar desidratada coitadinha!". Depois de pensar nas possibilidades, optei pela maquiagem, já que matar aula por causa de olhos inchados não estavam no meu plano, quer dizer, os olhos inchados também não estavam.
Fui correndo pro quarto colocar o uniforme, corri não só pra ninguém ver meus olhos inchados, mas também por causa do frio absurdo que está fazendo toda manhã. Já vestida, peguei toda a minha maquiagem, tudo que achei que fosse útil para esconder aquelas bolsas enormes e inchadas que tinham se formado embaixo dos meus olhos. Não querendo me gabar, mas até que fiz um bom trabalho, em casa ninguém me perguntou nada, e eu pude ir livremente para o colégio ser ter que sofrer questionamentos.
As coisas não estavam indo tão bem, mas estava caminhando melhor do que eu esperava. Mas quando ele entrou na sala, não aguentei. Acabei com toda a minha maquiagem e com todo o meu estoque de lágrimas, chorei a manhã inteira. Não queria que ele tivesse visto, mas foi inevitável. Quando me viram chorar, veio uma multidão em cima querendo saber o motivo das minhas lágrimas e a única coisa que eu consegui fazer foi levantar e correr pra longe de todos ali.

:/

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Técnicas de chorar no banho.


Cheguei em casa, passei por todos como se não estivessem ali, não pedi a bênção, não dei boa noite, simplismente cheguei e fui direto ao meu quarto. Joguei a mochila no chão, peguei a toalha e fui pro banheiro. Me despi rapidamente, já sentindo meus olhos arderem, liguei o chuveiro para que o barulho dele abafasse o meu choro soluçante e assim eu pouparia explicações depois. Quando me vi, finalmente sozinha dentre aquelas paredes, desabei. Foi tão difícil me conter na frente das pessoas, mas consegui aguentar até em casa.
Não sei quanto tempo fiquei ali, sentada no chão chorando por ele. Eu estava desolada, desesperada, como se todas as chances que eu presumia que tinha, estivessem sido apenas invenção do meu cérebro. Afinal, quem me disse que eu teria alguma chance? Que ele poderia me perdoar por tudo e me tranquilizar? Enquanto me ensaboava e pensava em todas essas coisas eu deixava as lágrimas escorerem livres pelo meu rosto, deixei elas se perderem junto com a água quente que caia do chuveiro. Sentia uma dor tão grande crescer dentro de mim que tinha momentos em que tinha que levar a mão à boca para poder esconder meu desespero de mim mesma, pra poder não gritar. Porque eu queria gritar, gritar aos quatro ventos o quanto aquela situação estava me fazendo mal, o quanto eu ainda o amava, o quanto aquilo estava sendo destrutivo pra mim.
Eu estava com medo, quer dizer, eu ainda estou com medo. Não sei de que, nem porquê, só sei que guardo esse medo dentro de mim, um medo absurdo que eu não consigo controlar, tenho medo de perdê-lo pra sempre. E quem disse que já não o perdi? Essa dúvida de me dominou de uma forma que eu só conseguia pensar nele, em como eu o amava e o quanto eu estava arrependida de tudo. Nunca pensei que fosse encontrar uma pessoa que me fizesse chorar tanto, acho que estou enlouquecendo e ele não percebe isso. Mas e se ele estiver percebido, será que está achando divertido essa situação? Quantos dias eu vou ter que chorar por ele pra tê-lo de volta pra mim?
Estava totalmente entregue a aquele momento de fraqueza no banheiro, estava (estou) tão triste como eu nunca pensei que estaria um dia, quando achei que já era hora de levantar. Respirei fundo, enxuguei meus olhos, me enrolei na toalha e voltei pro quarto onde estou desde de então, e de onde eu só pretendo sair amanhã pra começar isso tudo de novo.
:/

domingo, 8 de agosto de 2010

Sorrir.


Ele estava sentado, a poucos metros de mim, não sabia o que fazer, ele era simplismente perfeito, exatamente como eu lembrava. O contorno de seu rosto, mostrava uma expressão séria, como se estivesse triste, seus olhos estavam distantes como se estivesse pensando em algo que não deveria. Como se estivesse pensando em alguém que não merecesse seus pensamentos, muitas vezes percebi essa expressão no rosto dele. Quando ele sorria, o seu rosto iluminava-se de uma maneira tão absurda, que quem estivesse ao seu lado era contagiado por sua felicidade, e sorria também.
Eu não conseguia parar de olhar pra ele, eu estava me sentindo como uma criança, que sabe que está fazendo a coisa errada, que sabe que pode se machucar, mas que não consegue deixar de fazer. Eu não conseguia parar de olhar pra ele, estava hipnotizada, como a muito tempo não me permitia ficar. Eu era apaixonada por ele, e buscava o seu olhar como se buscasse o mais valioso tesouro do mundo, não havia nada de errado nisso, eu só estava admirando ele. Foi quando aconteceu: enquanto todas essas coisas vagavam pela minha cabeça, quando o tempo parecia ter parado para eternizar aquela situação ele olhou pra mim, o olhar dele encontrou o meu. Eu o encarei por alguns segundos, que pareciam ser horas, mas ai quando finalmente me dei conta do que estava fazendo, virei para o lado, ficando totalmente rubra. Tinha me esquecido como ele conseguia exercer um poder sobrenatural em mim. Durante alguns minutos, com o coração acelerado e a respiração ofegante, tentei me acalmar... e sorri.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Neruda


Não te amo como se fosse
rosa de sal, topázio, ou flechas de cravos que atiram chamas.
Te amo como se amam certas coisas escuras, secretamente, entre a sombra e a alma.
Eu te amo sem saber como, nem quando e nem onde.
Te amo simplesmente, sem complicações nem orgulho.
Assim te amo porque não conheço outra maneira.
Tão profundamente que a tua mão no meu peito é a minha.
Tão profundamente que quando fecho os olhos, contigo eu sonho.
É assim que te amo e nada mais me importa.


(Pablo Neruda)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Apêndice


Segunda foi legal, já tenho vários trabalhos pra fazer, e a Thays veio dormir aqui, e isso foi muito bom, porque eu não sei como, mas ela fez minha insônia ir embora. Dormi como um anjo :)
O fato mais marcante do dia foi o Mauro. Depois que o coitadinho ficou me esperando por 50 minutos, ele decidiu saltar em um ponto qualquer para vomitar. Nós amigos fieis e camaradas saltamos com ele, para que ele pudesse expelir o que tanto o aflingia. E com o nosso coração super sensível, enquanto nós esperávamos ele vomitar, fomos comprar churrasquinhos (que estava muito bom). Nossa sensibilidade é algo absurdamente assustador ;D
Bom, na terça, ele não foi ao colégio. E eu fiquei completamente desesperada tentando ligar pra ele, e não conseguia. Minha terça foi triste, afinal, eu sempre tenho que dividir o Nelson com o restante da turma, mas com o Mauro é diferente... logo, eu fiquei sozinha em muitos momentos. Conclusão: o Mauro, ficou na merda, foi pro médico e retirou o apêndice. É um absurdo, a gente ter um negócio dentro da gente que não serve pra nada, mas que pode infeccionar e te submeter a uma cirurgia.
Fui visitar ele hoje, ele estava lindo de cuequinho Haha' (só na sedução com as enfermeiras), deitado na maca sem poder rir direito... Tive que mentir pra poder vê-lo, tive que matar aula pra vê-lo e fiquei sem almoçar... pra vê-lo, mas a amizade tem dessas coisas, a gente se doa ali, recebe aqui e mantém a amizade. O importante é não deixar as coisas menos importantes tomarem o lugar das que são importantes, e hoje pra mim, o Mauro era mais importante do que a aula, do que meu almoço e do que as mentiras.

Ah gente... tem promoção ali do "Promotions", vê lá, acho que vocês vão gostar :)

domingo, 1 de agosto de 2010

Tomorrow.


Amanhã começa tudo de novo. Acho que vai ser bom, não sei ainda. Estou com um péssimo habito de "achar" as coisas errado. Sei lá, minhas férias foram boas pra mim, um ótimo momento de reflexão. Se não fosse elas, com certeza teria surtado. Bom, como eu acho que tudo é merecimento, acho que no momento, mereço as coisas que estão acontecendo comigo, e tenho uma fé inabalável de que isso é só um vento que passou, que entortou a flor, mas não danificou a raiz.
"Sei que o vento que entortou a flor, passou também por nosso lar, e foi você quem desviou com golpes de pincel, eu sei, é o amor que ninguém mais vê."

É o amor que ninguém mais vê, e a moça aqui vai esperar viu. E mostrar o quão grandioso é ele (o amor), pode não dar em nada... eu posso esperar em vão. Mas agora, o fato mudou, eu penso nele mais do que deveria, quer dizer, nunca parei de pensar, né? Ainda vou poder acusá-lo do causador da minha insônia, ele sabe que é. Agora, eu tenho que provar pra ele e que eu mudei pra ele, e por ele. Que eu não sou mais aquela boba idiota roqueira bêbada. Hoje eu sou uma pessoa bem melhor, e mudei pra tê-lo de volta. A gente tem que ficar perto das pessoas que fazem a gente melhorar como 'gente'. Temos que ficar perto das pessoas que amamos, e eu faço uma declaração pública de que, vou conseguir... pode não ser hoje, nem amanhã... mas um dia eu consigo!

<3