quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Na porta.


Estava concentrada fazendo meus exercícios de matématica, quando ouço risos. Olho pra porta, o vejo rindo, de uma forma que não via a muito tempo. Observando mais a cena, vejo que ele não está só, compartilha o seu riso com alguém, com uma menina. Desvio o foco dele e a observo, ela não é mais bonita do que eu, nem mais interessante do que eu, mas sinto-me ficar rubra de ciúme. Volto a olhá-lo, espanto-me com sua beleza, como sempre acontece. Sempre fico pensando que é impossível alguém ter mais charme, mesmo sabendo que isso é possível, e que posso ser a única a pensar assim.
Ele a olha, não da mesma maneira que me olhava, mas tem nos lábios um sorriso que expressava mais entusiasmo do que eu gostaria de ver, percebo um certo interesse, que antes não existia, ou que pelo menos não aparentava quando ele estava comigo. Ela o observa como se ele fosse a sua presa, o seu ratinho, a refeição que ela está pronta para devorar. Me assunto com isso, poucas vezes vi pessoas se comportarem assim, e pra dizer a verdade, nunca imaginei ver essas pessoas se comportarem assim.
Pra mim ela nunca foi "flor que se cheirasse", só não pensei que fosse baixa a esse ponto, afinal, o que ela poderia ganhar com isso? Eu o entendo, ele acha que eu não o amo mais, sei que o magoei, e compreendo que ele esteja tentando reconstruir sua vida sentimental. Era algo que eu deveria esperar, e que deveria também tentar fazer. Mas quando eu vi pra quem ele ria, fiquei indignada. Afinal, o que ele espera dela? Ela não poderá dar mais do que deu aos outros, e eu como ex-amiga dela, sei que o pouco que foi, não foi bom pra nenhum deles. Sinceramente, mesmo me doendo, desejei que ele tivesse mais sorte. Percebi que já estava olhando pra eles obcessivamente e preferi voltar a fazer meus exercícios, quando eu vi uma mancha de lágrima no meu livro. Respirei fundo, me concentrei e voltei a prestar atenção no que de fato era importante.

:/

Um comentário: